Autora: Amanda Kraft
No capítulo anterior, Eleanor recebe ajuda do Padre Mckenzie, que a acolhe em sua igreja, arranjando-lhe trabalho. A sensação de que ninguém liga para sua existência a faz sentir o desejo de que um dia alguém viesse a conhecer sua estória. Pelo vitral da igreja, conhece aquele que a imortalizaria.
O menino de olhos caídos, que perambulava pelo cemitério da velha igreja, se fez homem. Seu coração amadureceu e seus pensamentos se voltam para a Velha Liverpool, para a Velha Igreja de Saint Peters. Algo está para acontecer. Sinto-me livre ao vê-lo sentado ao piano. Escuto o murmúrio dos seus lábios repetindo um nome: Daisy Hawkins. Não. Está errado! Sussurro em seu ouvido: Eleanor. Ele parece gostar. Lembra-se de uma estrela famosa: Eleanor Bron. Seus dedos testam o piano, mas algo não se encaixa. Está errado. Ele desiste.
Levanta-se e descansa no sofá. Fecha os olhos, mas a mente não desliga. Eleanor Bron não soa bem. Tenta mais uma vez: Eleanor Bygraves. Muito longo. Por aquele momento, chega! Sua mente se fechou para meus sussurros. A ideia vinha aos borbotões, mas tanto se faltava para contar uma estória. A minha estória.
Ele caminhou pelas ruas de Bristol, com as mãos no bolso, olhando para o chão. Seus olhos se ergueram para a calçada à sua frente, ao atravessar a rua. Ali havia uma loja de bebidas de nome Rigby & Evens Ltd, Wine & Spirit Shippers. Senti seu coração disparar quando sussurrei: Rigby. Eleanor Rigby. Dias depois, sentou-se no clavicórdio, no escritório de seu amigo, satisfeito com meu nome.
Fiquei exultante. O menino homem finalmente começava a me conhecer. Seus dedos corriam as teclas brancas e pretas, pensando em mim. Sentia-me viva como nunca senti. O mesmo sentimento de quando meus pés tocavam o chão da velha Igreja. Algo ainda aconteceria.
Três meninos homens se juntaram ao meu menino. Um deles eu já conhecia. Era o garoto mais velho do cemitério. Havia muitos instrumentos naquela sala. Meu menino mostrou-lhes os acordes do piano e cantarolou meu nome. Naquele momento envolvi todos naquela sala com uma força que jamais pensei que emanaria de mim. Alguém sugeriu um romance para mim com um velho revirando latas de lixo. Achei engraçado.
One thought on “Eleanor Rigby – Capítulo 4”
Começei a acompanhar. O primeiro capitulo foi normal, mas o segundo me encantou e fez com que buscasse ler os demais. Continuo acompanhando e, não só a estória é interessante, e bem escrita, como me aproximou mais dos Beatles. Parabéns pelo trabalho.